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Lua De Mau Agouro

Lua De Mau Agouro


Lua De Mau Agouro - Excerto do livro

Prólogo

Ela entrou com as sacolas de compras penduradas no braço e imediatamente soube que algo na casa estava estranho.

Fiona levou suas compras para a cozinha e largou as sacolas na bancada de pedra. A correspondência do dia estava em uma pilha arrumada em cima da caixa de pão. Ela examinou o monte e revirou os olhos com nojo. Contas, contas e mais contas - a maioria com letras vermelhas brilhantes que significavam “atrasadas e em necessidade de atenção imediata”.

— O que eles vão desligar agora, Elliot? A água, a TV ou o gás? — ela murmurou para si mesma enquanto olhava ao redor da sala procurando pelo marido, que havia chegado em casa antes dela. Seu carro estava na entrada, ele havia juntado a correspondência e a televisão estava ligada em um jogo de beisebol, mas ele não estava à vista.

Fiona largou as chaves na mesa do corredor junto com a bolsa e olhou pela ampla extensão acarpetada em direção à luz que vinha do quarto deles. Ela tirou os sapatos e foi naquela direção. O que ele estava fazendo no quarto quando estava com a TV ligada na sala?

Sua boca se abriu em choque quando viu a resposta. Seu marido, Elliot Clegg, estava esparramado nu de costas na cama king-size com sua jovem e loira assistente, Lindsey, montada em sua virilha, cavalgando-o como um jóquei na corrida dos campeões de Belmont Stakes.

— O que diabos está acontecendo aqui, Elliot? — Fiona conseguiu dar um gritinho estridente quando entrou no quarto.

Ela assistiu enquanto o marido empurrava a loira nua de sua ereção e para o outro lado da cama - o lado de Fiona da cama - e saltava de pé. — O que você está fazendo em casa, Fi? Eu achei que você não fosse voltar até o final da tarde.

Fiona olhou para a jovem, que corria para encontrar suas roupas. — Isso é óbvio — disse ela, e abriu as portas do armário para procurar suas malas.

— O que você pensa que está fazendo, Fi? — Elliot exigiu quando sua esposa começou a tirar as roupas dos cabides e colocá-las nas malas.

— Algo que eu devia ter feito há muito tempo, Elliot.

Elliot agarrou o braço de Fiona com uma mão escura e bronzeada de sol. — Ela não significa nada para mim, Fiona — ele disse —, eu estava apenas me divertindo um pouco.

Fiona viu a boca de Lindsey se abrir em choque enquanto a loira encarava Elliot. — Ah, claro — rosnou Fiona, enquanto fechava uma bolsa e ia até o banheiro para colocar produtos de higiene pessoal e maquiagem na outra. — E aposto que sei como a boca dessa puta loira estava te divertindo.

Elliot soltou um longo suspiro. — Onde você pensa que vai, Fiona? —  ele perguntou. — Não temos dinheiro no banco e os cartões estão no limite novamente. Você não vai conseguir um hotel.

— E qual a novidade? —  Ela olhou para o marido de vinte anos, que estava na porta do banheiro. — Não se preocupe comigo, Elliot. Eu recebi hoje.

— Mas esse dinheiro tem que ir para o pagamento da casa, contas de luz e...

— E você está por sua conta com isso agora, Elliot — disse Fiona com um dar de ombros enquanto passava pelo marido de volta para o quarto, onde Lindsey estava colocando os pés em um par de sapatos de salto muito caros. — Talvez você possa fazer sua puta loira aqui cobrir suas despesas, como eu estive fazendo pelos últimos vinte anos. — Fiona chutou o sapato Prada esquerdo para fora do alcance das mãos manicuradas de Lindsey. — Tenho certeza de que paguei por eles também — disse ela à loira que se encolhia —, mas eles parecem grandes demais para os meus pés, então pode ficar com eles. —  Fiona jogou o sapato de volta para a jovem de olhos arregalados. — Você pode ficar com ele, também.

 

Com as duas malas nas mãos e as lágrimas ardendo nos olhos, Fiona pegou a bolsa e as chaves. — Eu vou vir pegar o resto das minhas coisas em alguns dias — ela conseguiu dizer por cima do ombro antes de sair para o sol brilhante da Louisiana.

Lágrimas frustradas escorriam pelo rosto de Fiona enquanto ela dirigia por St. Elizabeth. O que ela deveria fazer agora? A escola iria fechar para as férias em algumas semanas, e então o que ela iria fazer com seu verão? Ela certamente não iria trabalhar na Clegg Marine, a chique revendedora de barcos de Elliot - sem receber por isso - do jeito que ela havia feito todos os verões e feriados desde que a loja abrira.

 

Capítulo 1

Fiona olhava para a lua brilhante lançando seus raios sobre as águas escuras e ondulantes do lago Black Bayou enquanto ela se sentava em um tronco e lavava a lama macia e fresca de entre os dedos dos pés nus.

A água fria passava uma sensação boa nos pés cansados. Tinha sido outro longo dia em sua loja, a Livraria e Cafeteria Pão da Vida, em St. Elizabeth, Louisiana. A cidade ficava na margem do grande lago Black Bayou e havia estado lá desde que os colonos do Canadá haviam seguido para o sul pelos sistemas fluviais na época da compra da Louisiana no início do século XVIII. Fiona era uma das Bruxas do Black Bayou, embora nunca lhe tivesse sido permitido desenvolver seus talentos.

Fiona se encolheu quando ouviu um grande gato gritar no pântano arborizado do outro lado da estrada coberta de sombras onde estava sentada. Dizia-se que panteras vagavam por aqueles bosques, embora Fiona nunca tivesse visto uma. Muitas coisas que Fiona nunca tinha visto deviam vagar pelos pântanos ao redor de Black Bayou - coisas que ela nunca queria ver.

— Suponho que seja melhor eu ir antes que você decida se mostrar — disse Fiona a si mesma e à pantera escondida, enquanto empurrava seu corpo cansado de 55 anos para fora do tronco e colocava novamente seu par barato, mas confortável, de sapatos.

— A puta loira de Elliot pode ficar com seus malditos Pradas. Eles não foram feitos para alguém que fica de pé o dia todo de qualquer forma. — Fiona inalou a brisa doce e perfumada de jasmim enquanto andava pela estrada de asfalto quente. Os ciprestes altos se moviam na brisa, e Fiona podia ouvir os galhos rangendo como seus joelhos faziam enquanto se moviam.

Outra coisa chamou sua atenção e Fiona sacudiu a cabeça para olhar de volta para a floresta escura. Não era o gato, ela tinha certeza. Isso tinha uma sensação muito diferente para Fiona. Ela estendeu seus sentidos de DuBois para tentar encontrar a origem, mas ela a evadiu.

Annette DuBois, a falecida mãe de Fiona, nascera como membro de uma das famílias fundadoras originais de St. Elizabeth: a DuBois. A família fugira da França no século XVI para escapar da Inquisição e depois fugira do Canadá pela mesma razão no século XVIII. Os cães da Igreja podiam ser implacáveis quando pegavam um rastro.

Os DuBois e os Rubidoux haviam se estabelecido nas áreas remotas ao redor de Black Bayou, juntamente com algumas outras famílias mágicas. Algumas que haviam viajado do Canadá haviam seguido para Nova Orleans ou para as Ilhas do Caribe para se estabelecerem e praticarem suas crenças. Elas eram famílias de bruxas naturais que ainda praticavam a antiga religião baseada em deusas da Europa e podiam coletar energia do mundo vivo ao seu redor. Isso havia chamado a atenção da Inquisição Européia e, temendo por suas vidas, as famílias haviam fugido de suas casas na França em busca da liberdade e segurança do Novo Mundo do outro lado do Atlântico.

Essa era a herança de Fiona - algo em seus genes - mas ela fora proibida por seu pai, Arthur Carlisle, de estudar e praticar suas habilidades. Sua mãe havia implorado e implorado ao marido que a deixasse ensinar ao menos o básico para a filha, para que ela não machucasse a ela ou a outras pessoas com suas habilidades, mas Arthur permanecera firme e mesmo Anette havia dado muito poucas instruções à filha.

Fiona podia sentir o mundo vivo ao seu redor em um grau mais refinado do que outros, mas ela não tinha ideia de como usá-lo em proveito próprio ou de qualquer outra pessoa.

Ela tivera sua primeira menstruação aos doze anos e, junto com as mudanças em seu corpo, veio a primeira indicação de suas habilidades naturais. Fiona percebera que podia sentir coisas que os outros ao seu redor não podiam. Ela podia sentir o grilo subindo pelo hábito negro da irmã Mary Joseph, enquanto estava sentada entediada na aula de história, e o gato do vizinho na árvore do lado de fora da janela. Ela também podia sentir o sapinho que o gato estava caçando.

Fiona ficara empolgada quando percebeu que podia avisar o sapinho do perigo ou instar o grilo a subir mais rapidamente pelo hábito da irmã, até que a freira pulasse de pé gritando em um esforço para se livrar da criatura.

Os livros haviam sido o consolo de Fiona quando criança. Ela tinha um cartão da Biblioteca Pública de St. Elizabeth e costumava pegar livros sobre todos os assuntos. Ela ficara emocionada ao encontrar uma seção sobre bruxaria na biblioteca, mas depois de ler apenas dois livros sobre o assunto, percebeu que eles haviam sido escritos por charlatães que nada sabiam sobre o assunto da magia real.

Ela continuara a experimentar e, uma tarde, quando a valentona da turma, Susan Waters, começara a atormentar Fiona por pertencer a uma das notórias famílias de bruxas em St. Elizabeth, ela estendera a mão e dera um soco na garota odiosa com tudo o que tinha. Ela não tinha usado o punho, no entanto, e esse soco não deixaria uma marca física. Fiona dera um soco na garota com a força que havia reunido dentro de si mesma. A garota caíra no chão, segurando a cabeça e se contorcendo de dor.

— Você está com ciúmes porque não pode fazer isso — Fiona havia sussurrado para a garota rolando e babando no chão da sala de aula.

— Ela usou sua bruxaria em mim, irmã! — Susan chamara a irmã Mary Joseph enquanto se levantava usando a mesa da sala de aula. — Ela é uma bruxa má como as que você nos avisa para tomar cuidado, irmã, e ela deve ser queimada na fogueira ou enforcada.

A freira agarrara Fiona. Ela havia ensinado no St. Agnes por décadas e ouvira histórias sobre as bruxas do Black Bayou. — Que feitiço horrível você lançou na pobre Susan, Fiona? — A freira segurara seu crucifixo do jeito que Fiona tinha visto as pessoas fazerem em filmes antigos de vampiros para afastar o mal.

Fiona rira do ridículo da situação. Ela não pôde evitar. Ela arreganhara os dentes como presas e sibilara para a mulher que se protegia com o crucifixo.

— Vá para o escritório do Padre, bruxa — ordenara a irmã, apontando para a porta com o dedo trêmulo e retorcido.

O velho padre que dirigia a escola dera a Fiona três golpes com um taco de madeira e a ordenara a recitar uma dúzia de Ave Marias todas as noites durante um mês.

— Sua Deusa Maria não vai ouvir a minha oração, pai — Fiona provocara o velho com um sorriso. — Ela tem medo da minha.

A boca do padre se abrira. Ele havia expulsado Fiona pelo restante do dia e chamara o pai dela para buscá-la. Arthur Carlisle não havia ficado feliz. Ele batera em Fiona com o cinto, a prendera no quarto e a chamara de todos os nomes vis que lhe vieram à mente.

Sua mãe tinha sido mais clemente. Annette havia acabado de começar a mostrar os primeiros sinais da doença que levaria sua vida em quatro anos - câncer de ovário. — O que você fez com essa garota exatamente, Fiona?

Fiona não havia tido as palavras para explicar o que tinha feito com a valentona desagradável. — Eu a soquei com meu poder — ela finalmente dissera em explicação.

Annette sorrira. — Você percebe que poderia tê-la machucado muito fazendo isso.

— Eu pretendia machucá-la muito — dissera Fiona —, mas acho que só lhe dei uma dor de cabeça.

Annette arqueara a sobrancelha e sorrira para a filha com orgulho. — Uma dor de cabeça que pode durar muito tempo.

— Bom. Talvez ela me deixe em paz agora.

Annette sorrira para a filha. — Tenho certeza de que ela vai, querida, mas você deve aprender a controlar seu temperamento. — Annette havia pegado Fiona nos braços. — Gostaria de poder ensinar o que você precisa saber — ela dissera à filha com um suspiro —, mas seu pai me proibiu. —  Annette franzira o cenho. — E zombar daquele velho padre insípido provavelmente foi um erro também. — Ela dera uma piscadela para ela então, e Fiona soube que sua mãe não estava brava com ela.

— Por que mamãe? Por que não posso aprender a magia dos DuBois?

— Você sabe sobre as pessoas que moravam na ilha, certo?

Coração Partido

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Crónicas Do Caos

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