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Sete, Para a Morgue

Sete, Para a Morgue


Sete, Para a Morgue - Excerto Do Livro

Capítulo Um

São poucas as coisas tão surpreendentes e consequentemente, inquietantes, como a de um telefone tocando na calada da noite.

   Ele repetidamente golpeia o ar, depois o ouvido, então a psique, indo para o mais profundo do mais profundo, até que finalmente chega, e desperta o consciente. Ele tira o inocente de seu sono tranquilo no mundo frio e escuro da realidade, avisando que alguém quer algo dele, ou precisa dar notícias preocupantes para ele, ou o leva a um nível de choque do qual nunca poderá se recuperar. Mesmo se a chamada do telefone o resgatar de um sono ruim, ou dos terrores bizarros de um pesadelo, dificilmente quem atende o sentirá. Assim sendo, até que seja atendido, o telefone tocando é um prenúncio do desconhecido.

   O que poderia ser mais assustador do que o desconhecido? Quantas chamadas telefônicas trazem boas notícias no meio da noite?

   Mesmo ao considerar essas perguntas, torna-se difícil de compreender o porquê do contentamento de Herb Flay, sua total satisfação, por estar sendo despertado do seu sono com o telefone tocando. Mas uma vez que ele foi acordado, sentado na cama, ele soube identificar o barulho incessante, assim que ele tinha apanhado o receptor e conseguiu falar com uma voz rouca, "Alô", assim que ele ouviu e reconheceu a voz no outro lado e acolhido a mensagem recebida, ele ficou encantado com o resultado.

  Era a chamada que ele estava aguardando. Era a chamada que ele tinha esperado receber. Agora ela tinha chegado. Ele não se importava nem um pouco que era uma hora da manhã.  E muito menos se naquele momento, um torrencial aguaceiro estava caindo lá fora, uma feroz tempestade em que essa chamada iria forçá-lo enfrentar. Agora nada importava. Ela tinha chegado. Além de tudo, ele ficou muito satisfeito. Ele estava feliz como um passarinho.

   Duas pessoas tinham sido encontradas mortas!

   Herb Flay trabalhava para uma casa funerária; para ser mais exato, a Casa Funerária e Crematório Fengriffen. Era uma revelação que frequentemente causava um certo revirar nos estômagos dos ouvintes, ou a sensação de frio subindo pelos dedos até suas vértebras. Flay estava acostumado com essas reações, as longas pausas, os olhares cautelosos, os interessantes e alarmados ruídos que as pessoas involuntariamente, ou de propósito, faziam quando elas ficavam sabendo que ele trabalhava em uma casa funerária; que ele trabalhava com os mortos. "Ei,", Flay respondia com um sorriso, "é um meio de vida!"

   Para registro, Herb Flay - seu chefe, Marlowe Blake e a Casa Funerária Fengriffen –  estavam em Illinois, na cidade de médio porte, Sturm's Landing (população 32.000) que foi batizada com o nome de seu fundador, Mark Von Sturm, um operador de balsa de um poderoso rio que, no século e meio que se seguiu, tinha se encolhido ao tamanho de um riacho com algumas gotas. Durante essas mesmas décadas a economia local fez o mesmo. Como aconteceu com o negócio de funerais. Tudo parecia estar escorrendo pelo ralo. Mas tudo não havia acabado, ainda não. Não naquela noite.

   Os restos do que uma vez foram dois seres humanos foram encontrados em uma casa no sonolento vilarejo de Cedartown, a treze quilômetros de distância, e estavam aguardando por remoção. Havia muito por fazer. Flay se vestiu depressa.

   Ele não foi o único.  

* * *

  Os corpos foram encontrados pelos assistentes do Xerife, os delegados Christopher Maitland e Philip Grayson, quase duas horas mais cedo e bem antes da Hora das Bruxas. A delegacia tinha sido alertada por um vizinho que relatou que "algo (na casa no final do seu quarteirão) parecia estar errado." Maitland e Grayson responderam, em carros de patrulha separados, de diferentes extremidades da comarca, Maitland chegando vinte minutos à frente de seu companheiro. Sem conseguir obter uma resposta de alguém dentro da casa, Maitland suspeitou que havia um problema e, mais ainda, estava alarmado com a condição da casa. Quando Grayson chegou, Maitland compartilhou as suas preocupações com ele. Os assistentes notificaram a sua unidade, que alertou o Xerife e chamaram uma ambulância, e o Corpo de Bombeiros de Cedartown.

   Um caminhão do Corpo de Bombeiros e uma escada de incêndio, e uma ambulância do Serviço Municipal de Sturm's Landing, chegaram na cena, um sobrado com um gozado alpendre colonial construído sobre a parte superior da garagem, localizado na tranquila área residencial. O Xerife relutantemente estava a caminho, os oficiais assim imaginavam, embora ninguém tinha ouvido ele falar quando iria chegar. Eles decidiram não aguardar o seu superior. Com o auxílio da escada e uma barra pesada tirada de um dos compartimentos do veículo, a fechadura na porta da frente foi cuidadosamente quebrada.

   A porta se abriu. O sopro decadente de Satanás, um fedor do profundo das covas do Inferno, escapou por eles para fora.

   Com a equipe de ambulância aguardando ansiosamente na porta, segurando em conjunto sua respiração contra o fedor, os assistentes entraram juntos. Eles fizeram uma rápida busca de cima para baixo, encontraram o que eles encontraram e, sem mexer em mais nada, fizeram uma retirada apressada. De volta para fora, eles engoliram ar para evitar o vômito e disseram para o pessoal da ambulância e os bombeiros que a emergência havia passado…ou já era passado. Quando eles conseguiram respirar novamente, Maitland pegou o seu rádio móvel e pediu ao seu operador para notificar o Médico Legista que seus serviços eram necessários. Assim foi como as coisas aconteceram.

   Sem entrar em pormenores desnecessários, basta dizer que os dois cadáveres que os assistentes encontraram no interior estavam... em mau estado. O par de cadáveres, como foi identificado, estavam evidentemente "mortos" há um bom tempo. Assim eles pareciam. Eles certamente fediam. E agora que a fechadura da porta da frente tinha sido quebrada, toda a vizinhança rapidamente começou a sentir o mesmo mau cheiro; o fedor de carne humana podre chegando até o alto dos céus.

  Os Procedimentos Operacionais de Padrão e Posto de Comando, eram necessários para um incêndio ou para a cena de um crime ocorrido. Imagine você, nada estava em chamas e ninguém estava certo que um crime tivesse sido cometido. Mas, com mais de um corpo e nenhuma dica imediata como a causa de morte, algumas hipóteses tinham de ser feitas até fatos e provas serem reunidos. Portanto, até novo aviso, um crime era presumido e um Posto de Comando seria estabelecido. Na cidade grande, eles trariam um imenso trailer para isso, com um logotipo de polícia ou equipe de incêndio estampado de um lado ao outro. Mas não era Nova Iorque ou Los Angeles, este era o vilarejo de Cedartown, Illinois (população 900). Devido à chuva forte, o Posto de Comando seria montado na garagem do vizinho do outro lado da rua e a meia quadra de distância. Era perto o suficiente. Todos poderiam chegar rapidamente na cena para fazer seus trabalhos, embora não conseguissem  escapar do fedor, a distância e a tempestade ajudaria a diminuir os efeitos do estômago se revirando.

   O espaço de garagem foi sugerido e doado pelo mesmo vizinho curioso que tinha descoberto que algo estava errado e chamado a polícia imediatamente, um camarada gordinho e tagarela, nos seus quarenta anos, com um ainda escuro, mas desbastado cabelo, um bigodinho ‘handlebar’ e óculos de arame com lentes de fundo de garrafa. Ele ficaria contente e orgulhoso, assim disse, se utilizassem a garagem dele como local de reunião e correu na frente para fazer o café. Apesar de nenhum dos policiais, bombeiros, ou do pessoal da ambulância ir com a cara dele, ninguém recusou a sua oferta. Estava chovendo muito.

   É assim que o grupo de policiais, bombeiros e paramédicos respondendo à cena, foram parar na garagem do vizinho intrometido, esperando pelo café quente, e enquanto aguardavam a ordem para ação de seus superiores. Estavam ali, o Delegado Chris Maitland da delegacia do município de Dortmun, uma novíssima em folha paramédica, Lisa Clayton, do Serviço Municipal de Sturm, e representando o Corpo de Bombeiros de Cedartown, o veterano John Reid e o recruta ensopado até as orelhas, Ward Baker.

   Seu anfitrião podia ser visto como alguém buscando por diversão, através daquilo que deve ter sido a sua janela de cozinha, numa moradia de sessenta pés ou então da garagem. Ele tinha deixado a porta da garagem atrativamente aberta para a chegada deles, um espaço com as suas ferramentas fora de alcance dos casacos e equipamentos que eles quisessem pendurar ou espalhar, e uma mesa, rapidamente construída com tábuas sobre cavaletes, com guardanapos e pratos de papel e com uma torre de copos de bebida quente ou fria já no lugar.

   Por unanimidade da equipe reunida ali, a porta semiaberta foi novamente fechada na esperança de amortecer o cheiro degradante, apenas um pouco mais. A tempestade, porém, não seria evitada. Ela continuava caindo lá fora e o brilhante relampejar visto através da fileira de janelas da porta da garagem.

  O proprietário da garagem entrou saltitando através da porta, vindo das trevas com uma bandeja de servir gigante (coberta contra a chuva) nas suas mãos. Ele tirou a sua capa de chuva amarela, e enrolado as mangas de sua camisa, começou alegremente a servir café para os encharcados membros dos serviços de emergência. Apesar do fedor no ar, ele estava radiante como se ele tivesse ganhado na loteria e claramente desfrutando o melhor tempo de sua vida. Nem mesmo tinha deixado suas xícaras cheias, lá estava ele de volta com a sua capa e outra vez trazendo mais guloseimas.

   Ele passou pelo parceiro de Maitland, o delegado Grayson que estava entrando. Grayson fechou a porta atrás dele contra a tempestade. O uniforme marrom do delegado estava protegido e seco, mas sua capa de chuva cinzenta estava ensopada. Ele se sacudiu como um cão espirrando água depois do banho. O pessoal reunido desviou a atenção para Grayson, enquanto Maitland em nome de todos perguntou, "Alguma novidade?"

   "Nada." Grayson chacoalhou a capa e o seu chapéu de patrulheiro e o piso se tornou uma obra de arte moderna de água espalhada pelo concreto. "Eu deixei a motorista do caminhão com a escada… desculpe, sou péssimo com nomes".

   "Henderson", respondeu Baker, o mais jovem dos dois bombeiros. "Paul Henderson".

   Grayson acenou. "Eu deixei o Henderson e...a motorista?"

   "Sandy Lund", disse outro bombeiro, que se chama Reid.

   "Lund," Grayson concordou, então acrescentou, "rapaz, ela tem uma boca, não?"

   "Sim", ambos os bombeiros responderam em uníssono. "Ela tem."

   Grayson pendurou sua capa na parede, como os outros e o seu chapéu em cima. Virando para trás, viu a paramédica, Clayton, uma loira baixinha em um uniforme azul e se lembrou, "Ah, e o outro paramédico." Ele segurou o olhar. "O seu chefe?"

   Lisa nem farejou, mas parecia como se ela tivesse entendido. "Meu parceiro", disse ela, corrigindo ele, depois mudou novamente para mostrar a diferença com relutância, "Meu superior, Abner Perry".

   Grayson acenou. "Como eu disse, sou péssimo com nomes. Eu deixei aqueles três de plantão fora da casa, observando a porta da frente e para manter um olho na multidão."

   "Você está esperando por uma?" Clayton perguntou.

   "Uma multidão? Normalmente, sim. Faço disso "sempre"…uma multidão. Mas com a tempestade - e o fedor - ninguém ainda teve coragem de aparecer."

   "Exceto nosso anfitrião", disse Maitland levantando um polegar para o teto e, por implicação, para a casa do colega acima. "O camarada que você acabou de encontrar na porta. O vizinho que telefonou. Ele está fazendo mais café, Deus o abençoe".

   "Qual é o nome dele?"

   Maitland considerou a questão e encolheu os ombros. "Caramba, eu não me lembro. Não sou muito melhor com nomes do que você. Schreck, eu acho, ou Shock, ou Shanks, está nas minhas anotações. Eu estava pensando em chamá-lo ‘o Proprietário’."

   Grayson deu uma risadinha. "Isso porque você gosta de palavras grandes."

   "Que tal o nosso chefe do Corpo de Bombeiros", Baker interrompendo, perguntou. "Ele não estava lá fora?"

   "O velho cavalo de guerra? Sim", disse Grayson, "ele está na cena do crime; sentado no carro. Ele vai esperar. Estão esperando pelo Xerife e o Médico Legista, exatamente como nós. Nada a fazer senão esperar."

   Baker suspirou. Ele olhou de uma das janelas, para baixo do bloco no sentido da casa, embora a escuridão e a chuva impedia ele de ver nada além das luzes vermelha, azul e amarela do pisca-pisca dos veículos de emergência". "Uau", disse ele. "Eu sinto como se eu devesse estar lá fora. Mas eu só… Apenas o cheiro sozinho…eu não sei como eles aguentam com ele. Três minutos e minhas entranhas estavam fazendo piruetas".

   Grayson assentiu com a cabeça, então se virou novamente para a Clayton. "Seu chefe estava à procura de uma luz verde em torno das colinas", ele disse para ela. "Ele está sentado na sua ambulância agora, engolindo uma pastilha de antiácido. Ele não está tendo um bom momento. Mas os outros três ... Eles são do Corpo de Bombeiros já faz um longo tempo".

   Reid riu. "Tenho certeza de que eles já sentiram o cheiro da morte antes."

   "É muito mais do que a morte", o jovem bombeiro continuou, "é um show de horror." Como se para acentuar o comentário de Baker, trovões soaram lá fora e luzes de relâmpagos refletiram através das janelas.

   "Você não viu bem de perto", disse Maitland. "Sem dúvida é uma perfeita noite de horror. Para fantasmas e espíritos, para homicídio e loucura, para histórias de coisas que vagueiam na noite tempestuosa."

    Clayton comeu uma framboesa e voltou a beber o seu café.

   "Ahh, Lisa." Até então, Reid continuava vestido com a sua pesada capa. Agora ele a tirou, e pendurou no canto para secar, ficando só com a camiseta azul (com uma Cruz de Malta dos bombeiros estampada no lado esquerdo do seu peito), com calça de bombeiro amarela, botas, e com os dedos polegares atrelados aos seus suspensórios parecendo um agricultor no seu campo. "Qual é o problema? Você não gosta de histórias? É uma tradição", Reid continuou, "de contar histórias sempre que os policiais, bombeiros e paramédicos se juntam. Em tempos como este, elas são uma exigência profissional."

   Reid fez uma pausa para as gargalhadas concordando.

   "Agora eles estão fora da cama, nossos chefes, o Xerife e o Médico Legista, e quando chegarem aqui, terão o doce tempo para avaliar a cena, dando mancadas e sentindo-se importantes. Quando eles já estiverem satisfeitos o suficiente, a menos que esses senhores..." Reid apontou para os assistentes do Xerife, para dar ênfase. "...não ter visto apenas aquilo que viram, vamos ter de esperar que o agente funerário venha  recolher tudo o que sobrou."

   Ao sair do seu momentâneo surto, Baker riu e acenou para Clayton. "Ele está certo, Lisa. Temos tempo de sobra para matar. É melhor você nos contar uma história de guerra."

   "Sou uma paramédica novata", exclamou. "Tão nova quanto você. Eu não tenho ainda histórias de guerra".

   Mais risos, desta vez de todos. Em seguida um impressionante relâmpago e o som estrondoso de um trovão. A garagem ficou quieta e tudo o que podia ser ouvido foi o cair da chuva sobre o telhado. Mais de um no grupo levou o copo para perto do rosto. Com a respiração rápida, a névoa que vinha da superfície do café se mesclou com o odor da infusão e o maçante cheiro de morte no ar.

   "Ok, a paramédica precisa de tempo para pensar sobre isso ", Maitland pediu atenção. "Alguém em seguida conta uma história de guerra. Mas, em honra da noite e da situação tenebrosa, alguém deverá contar uma história de terror".

   O delegado analisou o grupo mas parecia não haver voluntários.

   "Que tal você?" Grayson perguntou de volta. "Para você parceiro, nunca faltam histórias. Comece para a gente". 

   "Eu posso se vocês quiserem," disse Maitland. "Tivemos muitas experiências".

   A porta da frente escancarou. O Proprietário entrou cambaleando, ele tinha chutado a porta fechada, e caiu contra ela como se quisesse conter a tempestade com o seu corpo avantajado. Ele cegamente tirou um bule de café fresco e duas caixas de biscoitos debaixo do seu casaco. Cegamente, pois as suas lentes grossas estavam embaçadas e o seu rosto virou uma cascata de pelos, do seu cabelo caindo nos óculos, e do bigode, para o queixo. Com suas mãos, cheias, ele não podia fazer nada.

   Clayton tomou o bule de café. Baker pegou os biscoitos dele, balindo, "Oi! Que tal isso?" Ele agitou as caixas. Olhem,“Devil´s Food!"

   A equipe de emergência riu da sua piada. O pobre Proprietário, passando as mãos pela sua caneca molhada e agora com as suas mãos livres, não entendeu a piada e inocentemente mostrava a sua confusão.

   "Não se preocupe com isso", Grayson lhe disse. "Ele gostou da sua escolha de petiscos."

   "Oh!", o anfitrião disse, com nenhuma outra prova de que a luz do entendimento tinha sido acesa.

   "Delegado Maitland estava prestes a nos contar uma história de guerra", disse Clayton. "ou uma história de terror?"

   O delegado sorriu. "Acho que preenche ambos os requisitos. Mas talvez o nosso anfitrião preferisse em vez..."

   "Ah", o anfitrião disse como algo entre o alarme e o prazer, "não prestem atenção em mim. Eu adoraria ouvir uma história".

   "Vocês me deixaram curioso", disse Grayson. "e temos tempo. Vá em frente, parceiro, conta uma história."

   "Sim", Baker concordou com entusiasmo. "Conta uma".

  "Ok", disse Maitland, tomando uma outra dose quente. "Eu contarei". Ele recusou um biscoito, fortaleceu a si mesmo com um cuidadoso trago de café, e olhando para as vigas da garagem por cima das suas cabeças, como se estivesse procurando uma maneira de começar. Ele achou algo, e assumindo uma expressão grave, como se tivesse completamente saído do nada, disse, "O restaurante era bom".

Terra das Sombras

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Morte Roxa

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