Quando a Música Termina

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Quando a Música Termina - Excerto Do Livro

Capítulo 1

Outubro de 2001

— Olá? — chamou Sean Murphy ao abrir a porta da centenária casa branca colonial onde cresceu. A envelhecida porta se fechou atrás dele trazendo uma rajada do vento frio de outubro. Ele entrou na sala silenciosa. A casa parece a mesma de sempre; sofá com estampa rosa, duas poltronas marrons e uma cadeira de balanço de madeira antiga ao lado da lareira de tijolo e bronze. No entanto, está muito silenciosa. Mamãe e papai devem ter saído, ele pensou. Aposto que mamãe deixou algo delicioso na geladeira. Isso vai me manter entretido até o jantar.

Uma saudação distante interrompeu seu plano de assaltar a geladeira.

— Oi, Sean, você pode vir aqui, por favor?

Sorrindo, ele subiu as escadas até o quarto de Sheridan e abriu a porta, sem se surpreender ao ver que sua irmã de dezessete anos não estava sozinha. A melhor amiga de Sheridan, Erin James, estava esparramada com ela na cama de dossel rosa e rendada. Interessante vê-las juntas, Sean refletiu. Elas não poderiam ser tão completamente diferentes. Sheridan, alta e curvilínea, parecia o próprio sol. Ela tinha a pele ligeiramente bronzeada, fartos cachos louros e era animada. Pequena e pálida, com cabelos e olhos escuros, o rosto sério de Erin refletia sua intensa personalidade.

Sheridan saltou da cama e correu para o irmão.

— Oi, mana, o que você precisa? — perguntou Sean, enquanto recebia um entusiasmado abraço de sua irmã. Pelo canto do olho, viu Erin se sentar, suas bochechas pegando fogo ao vê-lo.

— Chegou bem na hora, Sean — Sheridan disse toda eufórica. — Eu preciso que você leve Erin ao baile de boas-vindas.

Sean se virou de sua irmã para Erin e viu suas bochechas adoráveis se avermelharem ainda mais.

— Sim — exclamou Sheridan, parecia que uma enxurrada de palavras irrompeu dela de uma só vez. — Teve um babaca que estava de palhaçada com ela, fazendo-a pensar que ele a levaria, mas o que ele só queria mesmo com ela era ajuda com os estudos. Hoje nós descobrimos que ele iria ao baile com Lindsey Jones, aquela vagabunda. Nós sabemos o que ele quer, e Erin não perdeu nada, mas agora não tem com quem ir e o baile é amanhã. Você a levaria?

— Danny, por favor — Erin disse, suavemente interrompendo o falatório desenfreado, — Eu não preciso disso. Não me importo com o baile e você sabe que não sei dançar. Vou ficar em casa e treinar para a audição.

— De jeito nenhum, você tem que ir — Sheridan insistiu. — Eu não vou me divertir sem você. Estou tão cansada do Jake. Posso simplesmente dispensá-lo.

A menção ao namorado de sua irmã despertou os instintos protetores de Sean. Fico irritado toda vez que vejo esse moleque.

— Já está na hora de você largar aquele idiota — comentou, fazendo as duas meninas rirem. — Ele não está nem perto de ser o melhor para você, Danny. Por que não deixa ele pra lá e as duas vão juntas? Seria melhor, não?

— Ah qual é, Sean. — Com um gesto de mãos, Sheridan fez pouco caso das palavras de seu irmão. — Não é legal dispensar alguém antes de uma dança, especialmente quando ele é nomeado para ser o rei do baile de boas-vindas. Oh, não se preocupe; eu vou terminar com ele. Só acho que seria de melhor tom fazer isso depois, e depois das provas vocacionais na próxima semana, também, assim ele não ficará distraído, e isso nos deixa com a Erin sozinha. Ela não pode vir com a gente. É muito patético. Erin merece mais do que segurar vela. Mas pense, Sean, se ela ir com um homem em vez de um daqueles adolescentes. — Ela acenou para ele novamente, desta vez indicando seus músculos endurecidos pelo trabalho, que estavam agora esticando as mangas de uma camisa vermelha xadrez e calça jeans surrada.

Sean respirou fundo e considerou por um momento. Sair... com a Erin? Seus olhos traçaram as linhas delicadas de rosto dela. Grandes olhos castanhos que sempre pareciam tingidos de tristeza. Nariz longo e elegante. Lábios pálidos, pequenos, mas cheios. Maçãs do rosto salientes. A clavícula aparecendo através do decote da blusa azul marinho de mangas compridas que abraça seu corpo esbelto. Não há nada de errado com sua aparência, com certeza. Ela é bonita, e como é amiga de Sheridan desde o jardim de infância, eu a conheço bem. Eu sei que ela é legal. De fato, se não a tivesse conhecido por toda sua vida, poderia convidar alguém como ela para sair. Ele olhou para o rosto familiar dela por muitos segundos, vendo o calor em suas bochechas se desvanecer e o lábio perder a cor por escorregar entre os dentes, que até pouco tempo ainda tinha aparelho. Ele balançou a cabeça. Alguém como ela, mas não ela.

— Sim, eu sei o que vai acontecer. Vou ser preso. Sheridan, tenho vinte e três anos. O que eu tenho a ver com o baile de boas-vindas? — perguntou, levantando uma sobrancelha para sua irmã.

— Provavelmente nada — ela admitiu —, mas você gosta e se preocupa com a Erin?

— Mas é claro — respondeu Sean. Ela é praticamente um membro da família. Como eu poderia não me importar? Novamente ele considerou a proposta, pensando em como Erin devia se sentir. Já é tímida e sem companhia, ser feita de boba e depois dispensada — mesmo que por um babaca — deve ter feito um estrago na sua autoconfiança. Mas imagine que virada se ela aparecesse com alguém como... eu. Alguém como eu, mas não eu, certo? Mas se não fosse ele, não havia ninguém. Ele voltou sua atenção para Erin, cujo rosto se iluminou como fogos de artifício no Quatro de Julho no momento em que seus olhos se encontraram. Ela gosta da ideia, mesmo sendo muito tímida para admitir isso. — Sabe de uma coisa, Erin, vem comigo um instante. Acho que devemos conversar sobre isso sem a Danny por perto.

— Ok. — Ela se levantou da cama e saiu com ele para o corredor, ao seu lado, mas não deixando seu corpo encostar no dele. Ele a levou para o quarto que costumava ser dele, ainda decorado com todas as suas recordações do ensino médio. Sean não pôde deixar de sorrir. Minha mãe é uma sentimental. Ela nunca vai transformar isso num quarto para guardar as coisas ou alugá-lo para estudantes universitários.

Erin chegou perto dele, encostando-se ao pé da cama e mordendo uma unha.

— Espero que você saiba — ela disse seriamente —, que eu não pedi pra ela fazer isso.

— Claro que não — ele respondeu, acariciando seu ombro. Se ela corar mais, o rosto vai pegar fogo. — Consigo farejar uma trama de Sheridan Murphy a quilômetros de distância. Ela é minha irmã, não se esqueça. No entanto, ela está certa sobre uma coisa. Precisa de alguém para ir com você; isto é, se realmente quiser ir. Diga a verdade, Erin. Você quer mesmo ficar em casa e praticar sua música?

— Não, eu gostaria de ir — ela sussurrou como se admitisse um segredo vergonhoso. — Mas realmente não sei dançar.

— Ah, para vai — ele insistiu —, você é uma musicista. Eu não acredito que não tem ritmo.

Seus olhos escuros encontraram os dele, o desconforto enrugando os cantos de seus olhos.

— Não é uma questão de ritmo, mas de autoconfiança. Eu sempre me sinto boba dançando na frente de uma sala cheia de pessoas.

— E se você tiver alguém confiante para liderar o caminho, uma espécie de diretor? — ele ofereceu, imitando um convite com uma mão estendida.

— Isso pode ajudar. — Ela olhou para baixo e como se isso não bastasse, piscou seus longos e escuros cílios sobre os olhos.

Espero que eu esteja fazendo a coisa certa. Sua paixão por mim é meio que adorável... de um jeito embaraçoso. A final de contas, ela ainda está no colegial. Sean não sabia o que dizer. Sua timidez venceu as tentativas de conversa dele. Seja objetivo, Murphy.

— Então está combinado, nós iremos. Pelo menos podemos mostrar o que aquele idiota está perdendo.

— Tem certeza? Você não tem planos? — Seus olhos imploraram a ele.

Oh, caramba.

— Não. Só coisas chatas, sabe, como lavar roupas. Então, Erin, quer ir comigo ao baile de boas-vindas?

Ela deu a ele um olhar intenso, os olhos escuros brilhando com ansiedade quando respondeu.

— Quero — Em uma voz tão baixa que ele quase não conseguiu ouvi-la. Ele a abraçou como um irmão em volta dos ombros. Ela gemeu e correu do quarto.

Bem, uma coisa que eu não esperava era ir a um baile do ensino médio. Talvez seja divertido. Então, recordou suas próprias danças na época da escola; estranho, barulhento e cheiro de puro suor. Talvez não, mas pelo menos vou ter feito uma boa ação e deixado minha irmã e a amiga, felizes..

Capítulo 2

Nanoiteseguinte, Sean chegou à casa de Erin vestido com uma camisa verde de botão e calça escura, tentando parecer o mais maduro possível.

Ele se dirigiu ao seu prestigiado bairro, perto da Universidade de Lakes, instituto local de ensino superior. Casas pequenas e elegantes, com mais de um século de construção e bem próximas uma da outra ao longo da rua, a visão de suas cores brilhantes e acabamentos na frente era obscurecido por árvores de carvalho e bordo, revestidas formalmente com suas folhas coloridas de outono. Enquanto olhava os números das casas, percebeu que conhecia a área, tinha reformado pelo menos duas das casas próximas.

— 2107 — murmurou, tentando distinguir os números na escuridão. — 2107, Water Street. — Ele passou pelo 2103 e sabia que estava perto. Duas casas depois, ele franziu o cenho para a menor no quarteirão. Pequena e estreita, parecia um troll agachado entre os dois ou três gigantes de histórias ao seu redor. Hã. Área sofisticada. Se isto é o melhor que um investidor e uma artista profissional podem bancar, só lamento. Ele balançou a cabeça. A casa em miniatura de dois quartos tinha sido pintada de bege e tinha persianas verdes emoldurando uma janela de vitral. Sean estacionou o Mustang ao longo da calçada, seguiu por ela, cheia de folhas, tocou a campainha e esperou.

Eu me pergunto o que ela estará vestindo. Esperançosamente nada como o que tinha usado em seu último aniversário. Sean fez uma careta com a lembrança do enorme suéter masculino que ela fez de vestido, era estampado com laços preto, laranja, rosa e pratas, e meia calça arrastão roxa. Isso poderia não ter sido uma boa ideia.

A porta se abriu para revelá-la num vestido elegante, de veludo preto macio até o joelho. Ele contrastava com a pele dela e ressaltava os cabelos escuros — que estavam presos num coque elaborado — que pareciam brilhar. Sheridan deve ter ajudado na maquiagem sútil. Erin parecia pelo menos cinco anos mais velha, sem contar mais confiante do já havia visto antes, ao encontrar seu olhar sem corar e sorrindo docemente. A tristeza em seus grandes olhos castanhos aflorou seus instintos protetores e ele percebeu que se preocupava mesmo com ela. Eu disse isso a Danny, mas não era nada demais. Pela primeira vez, Erin, a pessoa, parecia de verdade e viva na frente dele.

Consciência roubou sua respiração.

— Oi — ele disse, finalmente. Então, estendeu um corsage feito de um único botão de rosa vermelho. Ela deu um passo à frente e ele cuidadosamente o colocou no vestido, respirando um traço do seu perfume de lavanda. O contraste do escarlate vívido com o preto cintilante chamou a atenção de seus olhos para as curvas esbeltas dela. Ela é tão magra. Eu me pergunto se ela esquece de comer. Ouvi que artistas fazem isso, às vezes.

Ele ergueu os olhos para ela, absorvendo o brilho satisfeito de aprovação.

— Olá, Sean. Vamos indo.

— Você precisa que eu entre e diga um oi para seus pais ou alguma satisfação? — perguntou, espiando por cima do ombro dela, na direção da sala escura.

— Não, meus pais não estão aqui. — Ela saiu e fechou a porta, colocando a chave na pequena bolsa prateada, pendurada no pulso.

— Onde estão eles? — Ele colocou a mão na parte baixa das costas dela e a conduziu. O calor de sua pele irradiou através do tecido do vestido, fazendo seus dedos formigarem.

— Eu te conto no carro — disse com um tom de tensão na voz.

— Ok.

Eles chegaram ao lado do passageiro do Mustang e Sean abriu a porta para Erin. Isso pode não ser exatamente o encontro que ela queria, mas toda menina merece se sentir como uma princesa de vez em quando, e eu aposto que Erin não recebe muito esse tipo de  tratamento. Fechando a porta, ele circulou o carro, entrou e se acomodou no assento do motorista, ligando o carro antes de dizer:

— Tudo bem, o que está acontecendo?

— Meus pais estão se separando — ela disse sem rodeios.

Sean estremeceu. Não é de se admirar que ela pareça tensa.

— Isso é ruim. Por quê?

— Meu pai está sempre no trabalho, sabe? — Ele acenou com a cabeça. — Então, mamãe conheceu alguém. Ela está passando o fim de semana com ele e papai foi trabalhar de novo, assim estou sozinha. — Ele estendeu a mão através do console e acariciou a dela.

— Isso é uma merda. Desculpa.

— Está tudo bem. Não é como se eles realmente se gostassem ou algo assim.

Eu já ouvi de Erin um tom tão sombrio assim antes? Não. Então ele percebeu que ela nunca o deixou ver seus verdadeiros sentimentos. Ou talvez eu nunca me preocupei em olhar. Ele descansou a mão sobre a dela.

— Mesmo assim. Eu não me importo com eles, mas sinto muito por você.

— Não tenha piedade de mim, Sean — suplicou ela. — A única coisa que não posso suportar é que você me veja como uma pobre coitada.

Muito pelo contrário.

— Você não é uma pobre coitada, Erin — ele a tranquilizou. — Digamos que sinto muito pela sua situação, ok?

— Tudo bem, obrigada. — Ela ficou em silêncio por um momento, considerando o que dizer e mordiscando os nós dos dedos. Por fim, acrescentou: — Estou muito feliz por finalmente estar no último ano do colegial. É só passar mais esse ano, e vou me tornar adulta. Vou para faculdade, e não estarei mais à mercê das escolhas deles.

— Para onde você vai? — ele perguntou, querendo manter a conversa num tom mais positivo. — Sheridan mencionou um conservatório no Texas.

— Eu não tenho certeza — ela respondeu. — Tenho audição agendada com o examinador de lá em duas semanas, mas também estou pensando em ir com Sheridan para a faculdade. Isso também seria bom.

— Pode fazer concertos como musicista principal na Universidade Estadual? — ele perguntou. Músicos não precisam ir para Julliard ou outra do ramo?

Ele olhou na direção dela a tempo de vê-la abaixar a cabeça.

— Certo. Não seria tão prestigioso, mas eu iria economizar bastante dinheiro, e provavelmente conseguiria melhores bolsas de estudo também. Com tudo o que está acontecendo, bem provável que vou precisar deles. Você não foi para a Universidade Estadual, Sean, para se formar em administração de empresas antes de começar a trabalhar com a empresa de construção do seu pai? Não foi por isso que ele o colocou como assistente do gerente geral, porque aprendeu muito sobre marketing, contabilidade e todas essas coisas?

— Sim, eu fui — ele admitiu, surpreso por ela saber tantos detalhes. Ela e Danny devem conversar muito sobre mim. Quando percebeu isso, sentiu as bochechas queimarem. — É uma boa escola. No entanto, não se menospreze. Economizar dinheiro é bom, mas não se perca dos seus sonhos. Eu sei que você quer tocar seu oboé profissionalmente. Você é muito boa nisso, então corra atrás, ok?

Olhou para ela de novo e viu um brilho rosado em suas bochechas, não exatamente um rubor, mas uma demonstração de seu apreço pelo elogio.

— Bom conselho. Obrigada.  

***  

Eles seguiram em silêncio. Erin olhou pela janela para as massas de laranjeiras, douradas e vermelhas, intercaladas com o verde de pinheiros e abetos. Uma onda de ansiedade ameaçava revirar seu estomago. Eu realmente não esperava ir ao baile. Agora, estou indo com alguém que sempre tive uma queda. Surpreendente. Esqueça David Landry. Ele pode fazer o que quiser com Lindsey. Agora eu tenho, sem dúvida alguma, o acompanhante mais sexy de todos.

Uma motocicleta rugiu, e o barulho alto interrompeu sua linha de pensamento. Monstro ruidoso. Por que as pessoas gostam de coisas tão barulhentas assim? Sean frenou abruptamente quando a moto atravessou na frente deles. Seu movimento lançou no ar um rastro de colônia picante que provocava sua consciência. Qual seria a sensação de estar cercada por aqueles braços musculosos, respirar seu cheiro enquanto ele a deitava no colchão? Sua respiração diminuiu e se aprofundou ao imaginar a sensação desconhecida. Então, com um piscar de olhos, ela se esforçou em se concentrar na realidade. Não se iluda. Ele não está aqui porque gosta de você. Embora soubesse que era um favor, ela estava agradecida. Acompanhar a amiga tímida e desinteressante da irmã a um baile que não quer ir. Sean é a definição de um verdadeiro cavalheiro.

Ele entrou no estacionamento do colégio e guiou seu Mustang numa vaga na parte de trás, onde ainda restavam algumas. Então, conduziu Erin até no ginásio lotado e barulhento, sua mão nas costas dela novamente. Flâmulas de papel nas cores da escola, marrom e branco, penduradas do teto. Um puma pintado à mão rugia da parede mais distante. O barulho dentro do ginásio batia nos tímpanos de Erin com a força de uma marreta. Por que tantas garotas riam tão estridentemente? Será que realmente pensam que suas companhias vão achar esse som atraente? Ela balançou a cabeça. Mal podia ouvir a música sobre a cacofonia de vozes adolescentes.

Enquanto eles esperavam na fila para tirar foto no arco pendurado de malha branca com flâmulas de futebol, serpentina e balões, Erin olhou ao redor. Assim como ela imaginou, as pessoas olhavam para ela, e algumas das meninas tinham expressões invejosas nos rostos.

Ela virou para encarar seu acompanhante, admirando seus cabelos castanhos bem arrumados, o que ela achava que tinha a aparência muito melhor do que o estilo longo e bagunçado que a maioria dos meninos usavam. Seu rosto, bronzeado de trabalhar ao ar livre, fazia seus dentes dianteiros ligeiramente tortos parecem ainda mais brancos e seus olhos azuis escuros brilharem. Seus braços, peito e ombros eram enormes com músculos de longas horas no canteiro de obras, mas sua cintura era estreita, com quadris magros. Em resumo, ele era o sonho de cada menina. Ou, se não fosse, ele certamente é o meu. Por que ele tem que ser, inacreditavelmente, seis anos mais velho do que eu?

Depois de longa espera, chegou a vez deles. Um fotógrafo rechonchudo com muitos cabelos grisalhos e bem grossos, fez sinal para ficar em frente a uma tela cinza malhada.

— Ok, amigo — ele disse a Sean com voz áspera —, coloque seus braços ao redor de sua garota.

Erin abriu a boca para argumentar, sugerindo que posassem lado a lado, mas Sean não lhe deu chance. Ele envolveu seus braços em torno de sua cintura e a puxou contra à sua frente. O barulho ali diminui quando o calor e o cheiro maravilhoso de Sean se derramaram sobre ela.

— Agora você, querida, braços ao redor do pescoço dele. — Ela obedeceu sem protestar.

— Olhem para a câmera. — Eles viraram a cabeça. O flash brilhou.

— Certo, agora vão dançar. Próximo!

Mantendo um braço ao redor da cintura fina dela, Sean escoltou Erin para dentro do ginásio. Ela podia sentir o barulho vibrando, mas o som desapareceu sob o bater de seu próprio coração. Vou adorar essa foto para sempre.

— Sabe — disse Sean em voz alta, os lábios perto de sua orelha para ser ouvido sobre o barulho —, pensei em uma solução para seu dilema sobre dançar.

— Pensou no quê? — ela gritou de volta

— Só dançar as lentas — ele respondeu. — São as mais fáceis. Apenas segure-se em mim e balance.

Parece um sonho se tornando realidade.

— Acho que consigo fazer isso. E as agitadas?

— Circulamos. Socializamos. Comemos alguma coisa ou bebemos. É fácil. — Ele se afastou um pouco para ver a reação dela.

Ela sorriu.

— Você é inteligente, Sean. Obrigada. — Em resposta, sua boca se curvou em um belo sorriso que fez seu coração bater.

— Então, que tal começarmos já? Esta é uma música lenta. — Ele estendeu a mão. Ela a segurou.

— OK.

Ele a levou para um lugar no ginásio, longe do meio tumultuado e parou, virando para encará-la. Erin colocou as mãos na nuca de Sean. E ele enlaçou a cintura de Erin levemente com os braços e demonstrou como se mover no tempo da música. Mesmo sendo um movimento diferente do que ela estava acostumada a fazer, não achou difícil. Lembre-se, isto não é um encontro, ela disse a si mesma, não importa como o calor do corpo de Sean se aprofunda sinuosamente em mim. Podia ouvir o suave atrito do tecido da camisa e calça dele enquanto movia o corpo. Ela se esforçou para não perder a noção do que estava fazendo. Isso não é um romance. É apenas uma dança. Não significa nada para ele. Ah, mas significava algo para ela. — I Swear — de All-4-One tocava ao fundo, apaixonada e romântica, a poesia de suas letras envolvendo-a como um cobertor quente de felicidade. Ela cantarolou a melodia suavemente para si mesma, gravando o momento perfeito na memória.